Gama, DF I de Julho de 2011
Cala-se a voz razoável e cheia de animação, pois a casa é silente e devota à escuridão. Andar por esses caminhos que a insegurança vela é uma rotina que dia a dia se concretiza. Um mantra em voz baixa, uma ordem, um vício, uma doença, uma praga incurável. Ela gostaria de se escorar pelas paredes e nos objetos, tateando-os, até achar a luz. Porém, é mais fácil ficar quieta, deitada em sua cama fria e desconfortável. A noite não passara, e foi torturante escutar o barulho do relógio martelando cada segundo que se passava. O vento que passava por entre as brechas da janela que mal se fechava. A casa velha e puída, uma madeira consumida pelo tempo. Assim como seu coração. Lutando arduamente para que seus pensamentos a deixassem em paz para que pudesse dormir. Mas eles não se foram. Ao contrário, aumentaram a cada toque do relógio. Ela olhava a luz pálida da Lua em busca de companhia, os olhos que um dia a contemplara, o calor do abraço e do beijo que com fervor adentrava a noite sem que pudesse notar. Agora tudo se foi.
A luz da manhã lhe faz mal. Ela que achara a noite ruim, viu que o dia poderia ser ainda pior. Brilho que lhe cegava, lhe fazia querer esquecer quem era e recomeçar. Mas tudo que ela conseguia era apenas fechar os olhos, querendo escapar do oposto à escuridão e morrer, apenas. Bem, nem a morte lhe sorriu dessa vez. Restou-lhe apenas vestígios do que fora um dia, lembranças, memórias póstumas, dores e a incerteza do futuro, a pior parte em sua excelência ...
Essas noites vagas também me trazem lembranças! na maioria delas, ruins.
ResponderExcluirmuito bom texto.
um beijo
Texto massa ... :)
ResponderExcluirSão noites que custam a passar mesmo ...
Nem sempre a noite traz o alívio imediato ...
Às vezes ela traz o contrário ...