Lost in reverie

Lost in reverie

terça-feira, setembro 07, 2010

Uma Gota (um ano)


Estou pairando sobre esse ar denso
Fez hoje, exatamente um ano
Ninguém se lembra, não há memória sobre aquele dia
Apenas fotos de um único olhar
E quem disse que estás aqui para dividir comigo?
Não, não poderías ... É algo que se faz sozinha 
Procuro desviar os pensamentos ,
Mas a música que toca lá fora não me permite
Ela passa pelos meus ouvidos e atinge o alvo
O som que faz despertar todas as particularidades
Aquele intenso pulso ao refazer o que aconteceu há um ano
E eu que pensei que fosse breve ...
'Aquele sentimento que era passageiro não acaba mais'
Continuo escrevendo teu nome, em qualquer lugar
Porque já não há espaço suficiente para reescrevê-lo no coração e na mente
E mesmo depois de tanto tempo, ainda sou aquela mesma covarde
Tão covarde que prefiro que você enxergue tudo nas mínimas coisas
Não é questão de ser madura, é apenas a mera covardia
É o medo de que saia da tua boca o que mais temo ouvir
Pois nada é certo, e tenho tanto medo de minhas incertezas
Sei que eu, de minha parte, estarei sempre esperando
Com aquela gota de esperança que incendeia todo o resto
Que põe mais fogo ao que já queima tanto ...

quarta-feira, setembro 01, 2010

Brevidade


O teu olhar me segue. Já não posso sentir a realidade. O coração lateja num pulso incontrolável, que de tão forte posso escutá-lo. A respiração está ofegante. As mãos trepidam, fazendo com que as gotas de suor caiam, suaves como o orvalho na alva desse amor. Cintilam os olhos que buscam ver além do castanho profundo. Transpira a pele que aflora dum vermelho incandescente, um calor que não se refresca. Sonha o coração que só quer o afago de sentir o teu coração pulsando junto ao meu corpo. A tua beleza irradia-me quando vejo, através desses olhos sedentos, a tua imagem.
Guardei uma foto tua, apenas uma palpável. Mas você se encontra todo em mim. Os traços de um alguém ao qual quero pertencer e também poder dizer, de peito estufado e com um intenso brilho dum olhar doce e meigo quando observo-o: "Também és meu!" Pensei que tudo acabara na brevidade daquele olhar. Doeu profundo, na alma perdida, aquela olhar. Mas talvez eu só estivesse em busca de sentir toda a dor junta, duma vez, e livrar-me dessa fraqueza, que agora soa como se fosse todo o meu ser. Um motivo bobo, algo sem algum sentido. E realmente doeu! As lágrimas apenas codificaram aquela angústia transformando-a em algo físico para que saísse do meu interior. Devo confessar que na hora em que elas desceram por aqueles olhos tristes, aliviou-me algo. Mas definitivamente não se foi o sentimento, pelo contrário. Aquele amor continua vivo, pulsante e firme. E a cada dia que passa posso ter mais certeza de que é você quem me tira o chão e dá a nuvem. Quem me tira o oxigênio para você mesmo ser o ar. Me impõe dor e se torna o sangue a correr por minhas veias. Felicita-me o teu sorriso desavergonhado, tornando-se cada dia mais O MEU PRIMEIRO AMOR.

Essência


Sentada na varanda da humilde casa, ela tece seus sonhos a cada ponto que dá na renda simples que está a confeccionar. Dá uma rápida descansada de vez em quando. E em cada intervalo dá um leve sorriso, lembrando-se de algo bom. Então, volta a costurar, com mais ânimo, como se o que tivesse lembrado estivesse sendo incorporado à sua criação. O vento soprou, balançou seus cabelos, jogou alguma das folhas secas que haviam caído em seu quintal para dentro da varanda. Observando o movimento das folhas secas, caídas, olhou num impulso para as que ainda se seguravam na árvore. Parecia ter viso o que a folha que caíra deveria ter sentido, se possuísse sentimentos, quando se viu indo embora de onde passara toda a vida. Deixava seu lar, sem querer. E nesse momento, passou pela cabeça daquela jovem moça, que ela também era como a folha seca. Deixara para trás, não por opção, tudo o que sempre a acompanhara. Naquela hora, sentiu o vazio que a saudade impusera-lhe. E quis voltar.
Correu casa adentro, largando tudo sobre a mesinha de café da varanda, abriu as portas de seu guarda-roupa. Tirou algumas coisas do lugar e pôde avistar uma antiga caixa, empoeirada e com um tom amarelado, causado pelo tempo. Abaixou-se e a pegou em um leve movimento das mãos, tirou a poeira de cima da tampa e sentiu o tempo que passou sem que ela nem ao menos pensasse naquela caixa. Abriu-a. Havia uma bagunça na caixa, mas parecia que ela havia se encontrado. Fotos, desenhos, cartas. Uma infância, uma adolescência, uma vida passada, uma outra vida. Se lembrou, olhando aquelas velhas fotografias, de como era brincar em pequenas casas de madeira, fingindo ser a mamãe que de tudo cuidava. Voltou ao passado. Parecia tão distante, mas ainda fazia parte dela. Sua essência estava ali, só a havia perdido por um instante entre uma pedra ou um caminho alternativo que a vida lhe ofereceu. Mas ainda era aquela mesma garotinha das fotos. E caiu aos prantos ao perceber que ela deixara tudo e todos ao seu redor passarem. Se viu sozinha naquela casa, e só o que a fazia companhia era uma boa xícara de café, que não tinha com quem compartilhar ou brigar por ele ...

É Outono ...


Sou eu quem mais uma vez vai ficar sentada, debaixo daquele velho ipê, o qual as flores abandonaram. É outono. E volta a rotina do frio intenso que faz desde a noite até o amanhecer. Bate outra vez a esperança da renovação. E ali mesmo, na sombra do velho ipê, transcrevo minhas emoções num profundo estado de nostalgia. Recordações pintam a minha mente, ora com cores fortes, intensas e de um brilho de tirar o fôlego, ora com tons melancólicos que vão do branco, que faz doer os olhos de observá-lo num relance, ao preto profundo e solitário. E as junto, todas descritas em um caderno ao qual o tempo já enrugou suas folhas. E o barulhinho leve e inconfundível que elas emitem me dão imensa paz e tranquilidade. Observo bem aquele horizonte. O Sol vai descendo num tom laranja encantadoramente belo e radiante. Essa luz incandescente invade o meu campo de visão e ilumina todo o meu ser através desses olhos que a tudo observa. E me inspira para seguir em frente com a ETERNA MANIA.