Lost in reverie

Lost in reverie

sábado, dezembro 15, 2012

Dance of Thoughts







         O dia era tão calmo e silente que mais parecia uma cidade fantasma do que a capital. As nuvens cubriam o céu azul num tom cinza estonteantemente belo. O ônibus seguia sua rota sem qualquer intervenção de outros carros. E nele eu ia, viajando pelos cenários de minha amada cidade. Mas viajando principalmente pelos pensamentos que consomem a minha jovem alma solitária em meio ao urbano. Deveras a calmaria contribuia bastante para que a solidão se solidificasse no meu estado de espírito aquele dia.
         Que dia lindo! É bom pensar. É bom estar sozinho, de vez em quando. É bom lembrar e relembrar coisas que não voltam. Repensar os erros, recordar com carinho os tempos que foram bons. Pensar nos velhos amigos, nas loucuras juvenis, nas antigas paixões, nos velhos gostos que permanecem ou não os mesmos. É bom ver a progressão da vida. Será que estamos onde queríamos estar? Será que mudamos muito no nosso jeito, no nosso modo de viver, no nosso modo de tratar as pessoas ou de ver as coisas? Será que realizamos aquilo que nos propusemos antes? Será que muitas coisas foram deixadas de lado por não importarem mais? Ou será que desistimos de algumas coisas por mera fraqueza?
         Ah, são tantas coisas que atravessam a mente! Como decidir no que pensar? As coisas só vêm, de fato. E minha cabeça dançava, trocando de par todo o tempo. Ora num pensamento, ora noutro. E o baile seguiu assim durante a quase uma hora que permaneci no ônibus. O caminho é longo, mas a mente é tão mais do que apenas uma hora. E mal sobrou tempo para pensar em tantas coisas mais...

sábado, outubro 20, 2012

Fim de Tarde no Cerrado




Deitada na rede, com as pernas entrelaçadas nas de minha mãe, hoje senti o frescor da brisa de primavera num fim de tarde estonteantemente belo. O céu vestido de um azul pacífico, com nuvens em formatos que variavam de cachorrinhos correndo a alienígenas saídos de um filme de ficção científica. A rede ia de um lado a outro, sem a pressa de uma sexta-feira tradicional. Conversas de mãe e filha, com tal cumplicidade invejável, adentrando a tarde que ia ficando mais bonita com a proximidade do crepúsculo.
Não fosse o calor que fazia, eu teria apreciado um pouco mais. Mas contento-me em saber que minha mãe assim prefere. O Sol ia cada vez mais para perto do horizonte, e logo entrei para me arrumar à fim de ir à casa de meu pai. Me despedi, e fui. Subindo as ruas, comecei a admirar os tons que o sol mais alaranjado criava no ambiente ao meu redor. O verde das árvores e as cores das casas ligeiramente modificados, obras primas. Um ar primaveril revigorante. Fiquei como boba olhando para o céu de poucas nuvens enquanto caminhava, já chegando na casa de meu pai.
Com isso, me pus a pensar: será que muitas pessoas param para apreciar as coisas simples, como um fim de tarde bonito, do dia-a-dia? Vejo tanta gente correndo e sufocadamente atarefadas, sem tempo nem mesmo de ter uma noite tranquila com um sono de qualidade, que eu não sei quantas pessoas param para reparar na beleza das coisas simples. É tão revigorante e prazeroso observar essas coisas, e acho que poucas pessoas sabem o valor disso.

sexta-feira, outubro 19, 2012

Humanidade




Era inverno. O frio açoitava os passantes da rodoviária que, como de costume, estava lotada. Era por volta das 9h30 da manhã. Havia pego o 229.1, e por volta daquele horário, lá estava eu, na minha rotina de ir para a UnB. Passando por entre a multidão, dirigindo-me à fila do 110, eis que me deparo com uma cena, no mínimo, comovente.
Um morador de rua, dos bem típicos, maltrapilho e sujo, estava sentado encostando-se numa das pilastras de sustentação. Ele estava tomando o que poderia ser sua única refeição no dia. Acredito que fosse um um pão ou biscoito de queijo, não tive tempo de reparar direito. O que não é um fato extra ordinário, de fato. Ele estava comendo, ótimo! O detalhe que realmente me impressionou profundamente foi que, ele estava dividindo aquele pãozinho com um gatinho de rua, igualmente sujinho e com aparência sofrida. Incrível! Uma pessoa que não tem nem meios de comer regularmente dividindo sua refeição com um animalzinho igualmente indefeso! A humanidade dessa cena me comoveu. Humanidade essa que às vezes penso ser extinta. Humanidade que creio que quase ninguém teve a decência de notar, com seu dia corrido e agendas lotadas. A cegueira da rotina. Eu percebi que muitas pessoas apenas passavam perto dos dois, mas nem sequer dirigiam o olhar aos dois. Mas não pude deixar de notar.
Me arrependo apenas de não ter ido ajudar ao homem e o gato. Queria poder ter dado algo a mais àquelas duas criaturas, e ter alegrado um pouco mais o dia dos dois. Mas o ônibus já se apressava e a fila estava quase pelo fim. As ruas não perdoam, nem os professores pelos atrasos. Mas confesso que fiquei com a consciência ligeiramente pesada depois de não os ter ajudado naquele momento. 
A cena continua comigo, como um marco de uma gentileza que raramente vemos hoje em dia. Quisera eu poder lembrar o rosto do homem e ir atrás dele para dizer o quanto eu o admiro. Quisera eu poder ajudá-lo com algo que fizesse realmente diferença na vida de quem me pareceu ser tão dócil num ato tão singelo. E fui-me no ônibus, pensando que nem tudo está perdido.

sábado, setembro 08, 2012

Tempo








         O tempo voa por entre os segundos que passam nesta madrugada de pouco movimento e com uma brisa fria e aconchegante. O agora já é passado. E o que se passou há tanto tempo parece que foi ainda ontem. Ah, tempo! Divino é o teu poder. Quanto mais de ti eu vejo, mais eu me sinto pequena e insignificante. Que poder tenho eu sobre ti ? És dono de tua vontade, muito mais do que eu sou da minha. Escolhes quando quer ser lento ou ligeiro. Senhor das vontades. Faz esquecer, lembrar, relembrar, não se importando se é conveniente ou não. Como pode ser tão livre ? Fazer o que faz e não ser punido (quando às vezes pensamos que deveria). Nem sempre o entendo, mas submeto-me. Junto com a vida, se encarrega de trazer as dores, alegrias, paixões, amores, aventuras, riscos, e tudo o mais que a vida oferece aos seres que dela desfruta. O tempo ajuda com algumas coisas, atrapalha outras, mas no fundo sabemos que sem ele, nada haveria. O tempo é uma das contradições mais bonitas.


Um único parágrafo para tentar descrever uma
maravilha indescifrável. 



Time - Pink Floyd

quinta-feira, agosto 23, 2012

Tristeza





         Uma simples fotografia. Imagem congelada que pode significar tudo ou nada. Pode ser a alegria ou a tristeza. Um mundo ou apenas mais um pedaço de papel. Mas o foco não é a fotografia, é um dos estados emocionais que ela provoca no ser humano, a tristeza.
E que mundo indescentemente bonito é esse da tristeza. Somos laçados facilmente por uma lembrança distante, de algo que não podemos ter novamente. De alguém que antes fora o que já não mais o é. De algo que nem chegamos a ter. De coisas que nunca fomos ou seremos. Entramos sem notar. Não há portas para se bater, placas indicadoras, fotos de satélite ou rotas no gps. Quando vemos, já é tarde. E o mundo desaba logo ali, em nossas cabeças. É triste. Mas tem sua beleza interior. É sombrio. Mas ilumina a alma para expressar-se de alguma forma. Seja a música, a escrita, a pintura, a obra de arte em geral. Ter vontade de não viver, mas não ter coragem de realmente abandonar a vida. Mostra um amor estranho que sentimos pelo viver. E o amor que sentimos até mesmo por outras pessoas.
Não que a tristeza seja 100% boa, mas também não é completamente ruim. “Há sempre um lado positivo”, se aplica ao campo ‘tristeza’. Estar triste, para mim, é tão normal quanto estar “normal” ou feliz. Não é difícil lidar com esse mundo. Basta aprender. E disfarçar ajuda bastante. A vida se torna um pouco menos difícil quando aprendemos a lidar com nossas tristezas e felicidades também.



Uma madrugada fria. Sem sono. Vencer essa parte talvez não seja possível.
Mas não morrerei por isso. Ninguém morre por isso.

domingo, maio 27, 2012

Compromisso




Estás tão perto, mas tão longe. Posso encontrar-te aqui dentro, ou pelo menos as tuas lembranças e imagens que percorrem minha mente como a luz pálida desse dia cinzento. Mas não consigo materializar tua presença. Tenho apenas a tua imagem impressa em pedaços de papel que guardo e zelo como se fossem você mesmo. Levo comigo o desenho dos teus lindos traços, que me fazem sorrir e chorar ao mesmo tempo. E aonde quer que eu vá, tu estás comigo, transbordando minha alma e enchendo meu coração. Faz-me tão feliz que ouso duvidas se tudo não passaria de um sonho. Contudo, a dor dessa saudade que inquieta o meu ser faz-me ver o quão real tu és para mim.
Então, posso sentir este amor, que de tão imenso fez com que eu esquecesse-me de mim. E quanta saudade cabe neste sofrimento? Nem eu mesma poderia saber calcular. Conto dias e segundos para enfim poder estar ao seu lado sem que um outro adeus seja necessário! Mal posso ver a hora de poder entregar-me aos teus braços e adormecer em paz, sem os fantasmas de sua partida num outro dia. Saber que eu poderei correr para esses braços toda vez que eu precisar ou quiser e não haverá centímetros que separem nossos corpos. Sentir-me segura todos os dias da minha vida, ao lado da pessoa que mais amo. Como poderia eu não amar o homem que me fez e me faz a mulher mais feliz? Como não amar o homem que me entende e cada dia procura entender-me mais e mais? Como não amar o meu mundo?
Eu te dou minha vida, com o prazer mais puro que já pude sentir, para que possamos trilhar juntos a vida que se apresenta a nós. E prometo tentar ser sempre a mulher que te faz feliz todos os dias. Porque o amor que sinto por ti é muito maior do que as palavras ousam descrever. Eu amo você!



Marisa Monte - A Sua

segunda-feira, abril 23, 2012

Pertencentes




Ao som dos ventos uivantes deste outono impassional, decomponho-me em versos e prosas escritos a mão. Cheios de saudade, promessas e desejos que ardem no peito ao serem relembrados dia após dia, noite após noite. Um sentimento que está além de qualquer compreensão e é cálido. Desmanchando águas em pequenas correntes que parecem não querer cessar. Uma abundância jamais vista. A verdade é que estás preso em mim, e não há quem o possa tirar de meu interior, protegido e fortificado contra as ameaças do caminho. E lhe pertenço, tanto ou mais. Sou tua a ponto de largar meu mundo para viver no teu.
Os caminhos são árduos, sim, difíceis e cruéis. Eles não se importam se a saudade consome tudo vivo. Às vezes esgotantes. Mas a renovação vem no amor que é sentido e vívido em nós. Resumimo-nos à saudade e amor. Não simplesmente paixão, pois se a fosse já teria sido consumida até o final. Mas um amor puro, apaixonado, concentrado e absorvido por nossos corações. É este amor que nos motiva, nos move a sermos melhores, nos envolve e nos protege. Pois sim, em ti encontro meu lar. Eu amo você com a minha alma!

quarta-feira, fevereiro 22, 2012

Save Me




These memories do not leave me alone
I'm in deep darkness and no one can take me from there
Except you
You came as the light for my day
Even that far you changed my way
I get stuck every time I search your eyes
No breath but mine
Myself and flickers of some bright days
On which I was with you
And there were nothing but us
Please, come once again
And drive me to where I belong
Make me feel safe just like as you do when we are together
Hold me and look into my eyes
So I can reach my safe place
Get home one more time
Free me from oblivion
And everything related to it
Save me


My love for you is what makes me wake up every day
And it makes me wish to be alive

terça-feira, fevereiro 21, 2012

Harder each day







Colors faded without you here
I can't hide the feelings which flow through tears that desperately call your name
My heart bleeds everytime I want you to hold me and you're miles away
When I make up inside me the taste of your kiss
It throws me into memories which won't be forgotten
It makes me feel like half of me is away
And I can't bring it back to me
I can't bring you back to me
It was not supposed to be like this
I miss you
I know you miss me
And there are miles, too many miles between us
I ask myself why, however, no answer
Never had it
I just love you
Too much to be that far
Too much to handle this nicely
I thought I could be stronger
But my tears are too heavy for my eyes
And they fall
Every moment I think of you, so distant, intrinsic in me
And nothing can hold my thoughts surrounding you
I don't want to say goodbye again
But I know it's necessary by now
A sad truth that I wish I could change ...
Still, I will wait as long as it demands from me
Only to be with you once for all

sexta-feira, janeiro 06, 2012

Saudade e Promessa




06/01/2012
Escrevo-te à mão
Em prosa e verso
Debulhados de emoção
Em memórias me disperso

Vou contornando os teus traços
Cheios de fascínio
Imaginando-te em meus braços
Dando-te todo o meu amor e carinho

Mergulhada em saudade
Busco tuas mãos
Como naquela linda tarde
Em que pude sentir tua proteção

Prometo não esquecer nenhum momento
Pois não consigo
E quero que tenha isso como juramento:
Amo você, e aonde quer que eu vá levar-te-ei comigo


É contigo que eu devo estar
Meu lugar é ao teu lado
Pertenço a você
Assim como as árvores pertencem ao solo