Lost in reverie

Lost in reverie

domingo, agosto 28, 2011

Death comes by night




Era tarde da noite. Ela não esperava tão cedo em sua juventude, mas já estava morrendo. Ela não sentia mais qualquer coisa. A dor já tinha ido embora. Seus pulsos iam ficando cada vez mais fracos, hora a hora, minuto a minuto. Não chorava mais. Só conseguia fitar a parede branca de seu quarto e os móveis empoeirados que estavam cheios de folhas escritas. Escritos feitos com lágrimas, sangue e dor. A pena que ela utilizava estava esfolada sobre seu criado mudo. As roupas manchadas com tanto choro e as feridas ainda pulsavam. Mas ela já não sentia mais nada disso. Sua dor foi tão enorme que a privou de suas sensações, de seus infortúnios, de sua própria vida. Ela fenecia, deitada em sua cama gelada, sem amor, sem qualquer um que pudesse ajudá-la. A neve caía. Em silêncio total, a não ser pelas corujas e algum ruído da velha casa de madeira, ela tentava fechar os olhos e adormecer para sempre. O vento ruía e com pressa ela tentava dormir. Mas a morte queria se divertir com ela, vê-la ir-se aos poucos. E quanto mais ela tentava, mais ela permanecia acordada em sua mente vazia e perdida. Até que então, quase pela manhã, ela conseguiu fechar os olhos e ver sua vida passando em flashes de memória. E assim ela se foi, vendo os seus dias de glória enquanto o inverno açoitava o mundo naquela madrugada.




Uma canção que pudesse definir esse texto não sei se existe. Mas que quase toda noite é assim, é inevitável ...




Snow - Kamelot






"I don't remember how
I felt the night, she came
Memories spin around
They flow"

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