Lost in reverie

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Mostrando postagens com marcador E quantas vezes tudo o que nos sobrou não foi nada além de dor ?. Mostrar todas as postagens
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sexta-feira, agosto 05, 2011

Horizonte




Agora eu vejo que se estende além mar, que vai pra longe, tão longe que já não posso ver. O horizonte conquistou-me. Venceu-me, pois não posso lhe alcançar. E assim, não vejo mais a esperança de um dia ter-lhe em meus braços e dizer que és meu e de ninguém mais.
O vento frio castiga essa pele já arrepiada, absorta em tuas imagens, que como em câmera lenta refazem-se todas aqui por dentro. E faz com que o rosto, já encharcado do choro, resfrie-se ainda mais. O sol está distante nesse inverno. Meu eu também. Minha metade se foi e não consigo encontrá-la em lugar algum. O horizonte a levou. E com minha metade foi-se também minha alegria. Agora só o que enxergo são vultos na escuridão, que ficam distorcidos demais com estes meus olhos marejados de solidão.
Não posso pedir que volte, não devo esperar que volte, não quero dizer que está vivo em mim, embora morto não esteja. Porque admitir que sinto a tua falta, pensar sobre o que já vimos e vivemos, nossos planos, nossos sonhos e desejos, é muita dor. Já é insuportável saber que você partiu e que a sensação de te ver de novo seria como voltar a viver. É mais fácil tentar ignorar a dor do que saber que o que eu sempre quis me escapou às mãos como o tempo. 




Vento no Litoral - Legião Urbana



Aonde está você agora além de aqui, dentro de mim ?! 

quarta-feira, julho 27, 2011

Ela e o sonho




Ela sentiu o mundo desabando sob seus pés e seu sonho se desmanchando diante de seus olhos, sem que nada pudesse fazer. Ela tentou achar meios que explicassem aquele pesadelo. Ela buscou os detalhes. Ela quis chorar. Mas nem isso ela conseguiu em toda sua dor. Nenhuma lágrima lhe desceu pelo rosto pálido e tristonho. Ela mal podia acreditar que todo seu esforço, toda sua luta, toda sua esperança, foram em vão. Ela não quis gritar, não quis explodir, não quis fugir. Não tinha o que dizer, não tinha combustível, não tinha pra onde correr, de qualquer forma. Seu único desejo era deitar-se, em qualquer canto escuro e frio, fechar os olhos e esquecer que toda sua vida estava passando em câmera lenta. Seu único aliado era o silêncio. E em seu silêncio ela permanece até agora ...



Quando o seu sonho se vai e não lhe resta mundo para ficar seguro
Quando sua esperança é destruída, o escuro medo vem e se estabelece
Quando suas lutas e razões de as fazerem caem por terra
Tudo que lhe sobra é um amargo pensamento imaginando "onde eu errei ?"






Lonely Day - System of a Down



Such a lonely day, and it's mine
It's a day that I'm glad I survived

quarta-feira, julho 06, 2011

Restos





 Gama, DF                                I de Julho de 2011


Cala-se a voz razoável e cheia de animação, pois a casa é silente e devota à escuridão. Andar por esses caminhos que a insegurança vela é uma rotina que dia a dia se concretiza. Um mantra em voz baixa, uma ordem, um vício, uma doença, uma praga incurável. Ela gostaria de se escorar pelas paredes e nos objetos, tateando-os, até achar a luz. Porém, é mais fácil ficar quieta, deitada em sua cama fria e desconfortável. A noite não passara, e foi torturante escutar o barulho do relógio martelando cada segundo que se passava. O vento que passava por entre as brechas da janela que mal se fechava. A casa velha e puída, uma madeira consumida pelo tempo.  Assim como seu coração. Lutando arduamente para que seus pensamentos a deixassem em paz para que pudesse dormir. Mas eles não se foram. Ao contrário, aumentaram a cada toque do relógio. Ela olhava a luz pálida da Lua em busca de companhia, os olhos que um dia a contemplara, o calor do abraço e do beijo que com fervor adentrava a noite sem que pudesse notar. Agora tudo se foi.
A luz da manhã lhe faz mal. Ela que achara a noite ruim, viu que o dia poderia ser ainda pior. Brilho que lhe cegava, lhe fazia querer esquecer quem era e recomeçar. Mas tudo que ela conseguia era apenas fechar os olhos, querendo escapar do oposto à escuridão e morrer, apenas. Bem, nem a morte lhe sorriu dessa vez. Restou-lhe apenas vestígios do que fora um dia, lembranças, memórias póstumas, dores e a incerteza do futuro, a pior parte em sua excelência ...