Lost in reverie

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sexta-feira, agosto 05, 2011

Horizonte




Agora eu vejo que se estende além mar, que vai pra longe, tão longe que já não posso ver. O horizonte conquistou-me. Venceu-me, pois não posso lhe alcançar. E assim, não vejo mais a esperança de um dia ter-lhe em meus braços e dizer que és meu e de ninguém mais.
O vento frio castiga essa pele já arrepiada, absorta em tuas imagens, que como em câmera lenta refazem-se todas aqui por dentro. E faz com que o rosto, já encharcado do choro, resfrie-se ainda mais. O sol está distante nesse inverno. Meu eu também. Minha metade se foi e não consigo encontrá-la em lugar algum. O horizonte a levou. E com minha metade foi-se também minha alegria. Agora só o que enxergo são vultos na escuridão, que ficam distorcidos demais com estes meus olhos marejados de solidão.
Não posso pedir que volte, não devo esperar que volte, não quero dizer que está vivo em mim, embora morto não esteja. Porque admitir que sinto a tua falta, pensar sobre o que já vimos e vivemos, nossos planos, nossos sonhos e desejos, é muita dor. Já é insuportável saber que você partiu e que a sensação de te ver de novo seria como voltar a viver. É mais fácil tentar ignorar a dor do que saber que o que eu sempre quis me escapou às mãos como o tempo. 




Vento no Litoral - Legião Urbana



Aonde está você agora além de aqui, dentro de mim ?! 

sábado, abril 23, 2011

Sad Times




Me envolve um turbilhão de sons e imagens liquefeitos do passado distante de minh'alma. Sorri-se das boas lembranças e mesmo assim chora-se querendo revivê-las. Refaz-se o futuro incerto e sombrio, que agora não sabe o que se faz, resume-se, refaz-se. A breve vida e seu sopro que joga-nos como poeira aos ventos. O ar é rarefeito nas profundezas da alma de solidão. E a luz é quase inexistente, exceto pela última fagulha de esperança que ainda resta, da última chama de qualquer coisa que tenha invadido o corpo com algum sentimento bom. 
Eu sinto aquele vazio torturante, que me seria mais fácil que a morte consumisse-me. O vazio que afoga-me em desespero e desconsolo, pois não tenho as mãos que outrora afagavam-me os cabelos. E com vícios eu tento diminuí-lo por dentro, tento preencher o espaço enorme que, ironicamente, esse vazio ocupa. Eu, que sempre fui acostumada a enxergar o futuro com um brilho resplandecente no olhar, agora só consigo emitir o brilho de uma lágrima que cai, esvai, flui. Não porque eu queira ... mas porque é a única opção que me oferta a vida neste momento. Já tentei traçar uma rota que tirasse-me desta outra, mas a solução que vejo agora apreende-me, pois dependo de outros fatores para que funcione. E aquele sorriso triunfante e intrépido que meu rosto emoldurava a tão pouco tempo atrás, tornou-se como a palavra dita e não permaneceu. Restou a lembrança, apenas. Voltou a dor, a raiva e a tristeza que já antes habitara-me; e agora tudo torna-se parte de mim, deveras .... Mais uma vez!


E que o momento torne-me débil de emoção, pois estou prestes a chorar em dores e angustia. 





Pra Ficar Legal - Engenheiros do Hawaii


quarta-feira, abril 20, 2011

Pretérito Perfeito







A palavra escorre pelos ventos, deslizando pelos corredores de brisas que carregam as folhas secas que acumulam-se ao chão. Palavras em pedaços, despedaçadas, inteiras e pela metade. São folhas. De cadernos, agendas. De árvores. Sim, elas flutuam e pairam no ar, aterrissando com leveza absurda. Queria eu que essa leveza de espírito fosse minha, e pudesse ser levada aonde os ventos que sopram do sul me levassem. 
A Lua surgindo, gigante, imponente e estonteantemente linda. Olhá-la e desejar que o mundo acabasse enquanto aquela sensação ainda permanecesse nos olhos, na alma, que em solidão se encontra. É vê-la e sentir antigas sensações brotando, como água cristalina. É observá-la e querer voltar no tempo, em que os Sol brilhava mais manso e as preocupações não invadiam a alma fazendo-a chorar. Oh! Sim ... Tudo era mais bonito e mais simples. Daí vem sua beleza. Quando o lidar com as pessoas não machucava, nem a si nem a outros. Quando problemas eram continhas de divisão matemática. Quando a raiva era de não poder ir brincar na rua porque já era tarde. Como eu queria voltar a esse tempo. Vivemos a infância e adolescência querendo crescer e sermos "livres". Mas a liberdade às vezes é triste, pois temos que lidar com coisas com as quais não somos habituados. Crescer é difícil, pois os espinhos da vida começam a arranhar mais profundamente, eles agora já podem nos alcançar bem. Tempo esse que não volta ... E daqui em diante, a vida só irá machucar e calejar mais e mais. Espero que todos tenham suas bases de apoio e corações que lhes confortam as mágoas e as dores. Pois sem isso, é inconcebível que prossigamos a vida. É, impossível!




"Devem ser o que chamam túnel do tempo
Ano 2000 era futuro há pouco tempo atrás"

A vida sabe como lidar conosco.
Nós é que nem sempre sabemos lidar com ela ...



Túnel do Tempo - Engenheiros do Hawaii









"Como que eu sentisse uma pontada de dor, a saudade veio me invadindo. Foi em tanta quantidade que não a contive e meus olhos transbordaram de uma tristeza lúgubre e profunda. Como pude eu deixar tudo isso pra trás ?! Como eu pude ser tão cruel ?! ..."

quarta-feira, março 23, 2011

Acerca das Memórias




23/03/2011                          Brasília (UnB), DF                         13:10

Eu vejo a cidade, as ruas, os prédios e construções. Ora sinto um vazio, ora completo-me satisfatoriamente. Eu quis o afago de um beijo molhado, um corpo suado. Prazer igual à este, jamais tive, bem sei. Foi tão surreal que pensei não estar ali. A mente viajou em vícios externos. Eu não acreditava mesmo que aqueles corpos pudessem estar em união àquela hora. Era um mundo tão perfeito em minha mente, que meus defeitos ficaram em segundo plano. Me senti livre pela primeira vez. As marcas foram mais do que superficiais.
Acerca de tudo isso, pensei em analisar como seriam as situações diversas que pudessem (podem) surgir ao longo do tempo que consome à mim, mas é incapaz de apagar qualquer detalhe que não tenha passado despercebido. A vivacidade das sensações permanece intacta por aqui. E bem, seja como for, não tenho medo do que possa vir depois. Sei que a decisão será tomada e não posso culpar, seja por fracasso ou sucesso. É inconcebível, de minha parte, querer ter mais do que eu já tive e do que eu já pude ter.
O que escrevo são apenas pensamentos perdidos no frágil elo que divide a dúvida da certeza. A realidade é provada inútil para livrar-me de mim mesma. A válvula de escape não possui dispositivos de segurança. O que é seguro inexiste. E como consequência, fito o horizonte com um par de olhos castanhos solitários.






Tempo Perdido - Legião Urbana